Anteriormente,
Panorama BR publicou um texto no
qual analisou o ano que passou. Agora, faremos o contrário: em um exercício de
futurologia, vamos, baseados em fatos ocorridos no ano anterior, tentar prever
o que ocorrerá em 2014. É claro que corre-se o risco de errar – e feio – nas previsões,
mas, quem já não tentou fazer isto antes? O tempo dirá onde acertamos e onde
erramos.
Fuleco,o mascote da Copa do Mundo de 2014
Para começar, o evento no qual
milhões de brasileiros estarão simplesmente obcecados neste ano: a Copa do Mundo de Futebol. Depois de
muitos anos, a competição retorna ao território sul-americano no local chamado
de “país do futebol”, ou seja, nosso querido Brasil.
Milhões de reais têm sidos gastos na
organização e na construção de estádios – alguns dos quais ainda não estão
prontos – o que foi um dos motivos das manifestações ocorridas em junho de
2013, que contestava esses mesmos gastos com um evento esportivo quando
poderiam ser utilizados em saúde e educação (no “padrão FIFA”, ironizavam os
manifestantes).
Parece óbvio que haverão mais
manifestações contra o Mundial até o final dessa competição. Figuras como Pelé
disseram para deixar essas manifestações para lá e concentrar-se apenas na
Copa, o que fez aumentar a antipatia contra o evento. De minha parte, penso que
a Copa no Brasil irá ocorrer no pior momento possível para ela, pois será no
mesmo ano das eleições gerais de nosso país. Da mesma forma, também é óbvio
que, seja lá quem vença o pleito, irá usar e abusar do título em proveito
próprio e de seu governo, tal como fez a ditadura militar após a vitória
brasileira na Copa de 1970. Daí, vêm as perguntas que não querem calar: o
Brasil vencerá a Copa? Será bom para o Brasil vencer a Copa? O Brasil deve vencer a Copa?
Urna eletrônica a ser usada nas eleições gerais de outubro deste ano
As Eleições
Gerais são o outro assunto que dominará as conversas em nosso país neste
ano. Apesar de todas as manifestações ocorridas contra o governo, a presidente
Dilma Rousseff permanece como favorita para a vitória nas urnas. Se as eleições
fossem realizadas na data em que este texto é publicado, a atual presidente
venceria com relativa facilidade, mesmo porque os outros candidatos, até o
momento, não desperta entusiasmo no eleitorado, embora órgãos da chamada
“grande mídia” apoiem nomes como o de Aécio Neves. E nomes da direita mais
conservadora, tacanha e reacionária tal como o “pastor” Marco Feliciano, que
teve grande destaque em 2013 graças ao seu período na Comissão de Direitos
Humanos do Senado na qual comandou uma “cruzada anti-gay”, irão tentar a
reeleição aproveitando-se da ingenuidade e ignorância de seus
seguidores-eleitores para aumentarem ainda mais sua funesta influência. Ainda
faltam cerca de 10 meses para o pleito, e as coisas podem mudar até lá,
principalmente dependendo do resultado da Copa do Mundo de Futebol...
Bandeira da União Europeia (UE)
A crise financeira da
Europa, que aparentava não ter fim, parece que finalmente
dá sinais de recuperação, com uma ligeira subida de países como a Espanha, o
fortalecimento do Euro perante o Dólar, a entrada da Letônia na Zona do Euro
(grupo de países que utilizam a moeda única da União Europeia, a UE), e a
criação de uma unificação bancária, que alguns analistas vêm como a salvação da
lavora. Ainda assim, o Velho Continente – principalmente países como a própria
Espanha, Portugal, Grécia, Itália, Irlanda e os recém-chegados Bulgária e
Romênia – ainda passarão um ano muito difícil com a política de austeridade
mantida pela “Troika” (grupo formado pela Comissão Europeia, Banco Central
Europeu e o maldito Fundo Monetário Internacional, o FMI), que insiste no corte
de salários e benefícios sociais que estão gerando desemprego e o aumento da
pobreza nos países da UE. Novas e maiores manifestações são esperadas para
acontecerem nos países-membros contra essa política, a “Troika” e os governos
locais, vários deles com acusações de corrupção. E, além disso, há a queda de
braço entre o governo da Ucrânia, que quer estreitar seus laços com a Rússia, e
os manifestantes pró-europeus, que desejam entrar na União. A Grã-Bretanha, que
faz parte da UE e não adotou o Euro como moeda, permanecendo com a Libra Esterlina,
e que não sofreu tanto com a crise, olha com apreensão o referendo sobre a independência da Escócia, um desejo de milhares
de escoceses, a ocorrer em setembro próximo. Se for aprovado pela população
local, a relativa estabilidade britânica pode ser
tremendamente afetada se isso ocorrer.
Edward Snowden
Um dos dois homens do
ano (o outro é o Papa Francisco), o estadunidense Edward Snowden (assunto de um
futuro artigo nosso), permanece em seu exílio russo fazendo ainda mais
revelações sobre a espionagem protagonizada pelo seu país natal, os EUA, que o
vem como um traidor, e, como peças de dominó armadas para cair quando
empurradas, mais casos de espionagem de vários países – inclusive o Brasil –
surgem a cada instante. Que outras revelações Mr. Snowden nos trará em 2014? O
mundo aguarda curioso e preocupado...
Papa Francisco
O outro homem do ano, o
Papa Francisco, conseguiu
surpreender tanto seus simpatizantes como seus detratores. Com um forte
discurso social, o que não era esperado pelos especialistas em Vaticano,
Francisco tem aumentado sua popularidade e respeito tanto entre católicos como entre
os não-católicos (que inclui os evangélicos). Sua ênfase aos pobres e
desamparados e críticas ao sistema capitalista cruel e selvagem já lhe valeu, pelos
conservadores e fascistas, a alcunha de “comunista” tanto fora como dentro da
Igreja. Vamos ver em 2014 quem é verdadeiramente cristão nessa história...
Manifestação em São Paulo ocorrida em junho de 2013
Desde o ano passado
para cá, vem aumentado muito o número de manifestações
mundo afora. Países como Egito e Tailândia lutam contra governos opressores e
corruptos. A corrupção também é um mal a ser combatido por países-membros da UE,
conforme dito acima, assim como em países da África, Ásia e América Latina que,
além disso, lutam contra a falta de liberdade política e de expressão (temas já
analisados no artigo Lembrai, lembrai o cinco de novembro
publicado aqui no mês retrasado). No Brasil, além das esperadas manifestações
contra a Copa do Mundo, o Movimento Passe Livre (MPL), organizador de muitas
dos protestos do ano passado, promete voltar à carga justamente para
reivindicar aquilo que está em seu nome: o passe livre de ônibus e também de
outras formas de transporte público. Como será que o governo irá reagir à estas
manifestações em um ano de eleições gerais? Com certeza não será com açúcar e
perfume...
Avião utilizado na Primeira Guerra Mundial
Em 2014, vários
acontecimentos passados serão lembrados e, alguns comemorados. Um deles é os
100 anos do início da Primeira Guerra
Mundial, o primeiro conflito global ocorrido, com uso de armas até então
novas (como, por exemplo, o avião) que acarretou milhões de mortes, a ponto de
ter sido chamada de “a guerra para acabar com todas as guerras”. Infelizmente,
como sabemos, não foi o que aconteceu.
Vladimir Lênin
Outro acontecimento a
ser lembrado são os 90 anos da morte da Vladimir
Lênin, o pai da Revolução Russa, que fez surgir o primeiro estado socialista
do planeta: a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Figura carismática
e controversa, o intelectual Lênin desperta paixões tanto a favor como contra a
sua pessoa até hoje, mas ninguém nega a sua importância histórica e seu legado,
apesar do fim da URSS e de outros países comunistas, permanece.
Ayrton Senna
Outra morte a ser
lembrada, de modo particularmente triste pelos brasileiros, é a de Ayrton Senna, ocorrida 20 anos atrás. O
fantástico tricampeão de Fórmula 1 deixa até hoje um vazio impossível de se
preencher tanto nas pistas de corrida assim como fora delas. Sua paixão pelo
que fazia, sua determinação (não raro beirando a obsessão), seu amor pelas crianças
e pelo Brasil – algo cada vez mais raro hoje em dia – são exemplos que
permanecem nos corações de todos.
Golpe Militar de 1964
Igualmente triste foi o
golpe militar ocorrido em nosso país
há 50 anos atrás, no malfadado ano de 1964. Sob a velha desculpa de “combater o
comunismo”, os militares lançaram o país em um período de trevas que duraram
mais de 20 longos anos.
Revolução dos Cravos de 1974
Em contrapartida, a Revolução dos Cravos, protagonizada
pelos nossos irmãos portugueses há 40 anos atrás, em 25 de abril de 1974, tirou
o país do longo período de trevas da ditadura salazarista, levando país a um
período de democracia e liberdade sem precedentes que dura até hoje. Apesar da
grave crise financeira que assola o país atualmente, Portugal tem muito a
comemorar nessa data histórica.
Como podemos ver, este
será um ano particularmente movimentado Da minha parte, espero que o bom senso e
o bem maior prevaleçam neste ano que começa. Feliz 2014 a todos!
Como sempre, temos
nossos fogos de artifício para saudar o novo ano:
2 comentários:
Feliz ano novo e bacana os fogos!!!
FELIZ ANO NOVO GALERAAAA!!!!
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