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Editorial

Em breve.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

A luta das mulheres no cinema contra o preconceito e a violência

Cena do filme Mustang

Em 1972, o ex-Beatle John Lennon juntamente com sua esposa, a artista plástica Yoko Ono, lançaram uma canção intitulada “Woman is the Nigger of the World” (“Mulher é o Negro do Mundo”) cujos versos iniciais dizem:
“Woman is the nigger of the world / Yes, she is…think about it / Woman is the nigger of the world / Think about it…do something about it”;
“We make her paint her face and dance / If she won’t be a slave, we say that she don’t love us / If she’s real, we say she’s trying to be a man / While putting her down, we pretend that she’s above us”;
(“Mulher é o negro do mundo / Sim, ela é… Pense sobre isso / Mulher é o negro do mundo / Pense sobre isso… Faça alguma coisa sobre isso”;
“Nós a fazemos pintar a sua face e dançar / Se ela não for uma escrava, nós dizemos que ela não nos ama / Se ela é verdadeira, nós dizemos que ela está tentando ser um homem / Enquanto nós a colocamos para baixo, fingimos que ela está em cima de nós”).
Esta canção foi considerada forte à época de seu lançamento. Mesmo no tempo presente, ela é considerada assim, mas, nestes dias em que estupros coletivos e outros tipos de violências – físicas ou morais – contra as mulheres são, infelizmente, cada vez mais comuns, ela soa mais atual do que nunca.
Dois filmes de diretores estreantes lançados recentemente, refletem e reforçam simultaneamente os versos da canção. O primeiro é o filme turco Mustang (idem, 2015), da diretora Deniz Gamze Ergüven. O filme conta a história de cinco adolescentes órfãs que vivem em uma pequena aldeia no interior da Turquia cuja sociedade é retrógrada e de moral ultra-conservadora. No último dia de aula na escola, elas juntam-se a um grupo de rapazes para brincarem, inocentemente, na praia. Uma vizinha testemunha a brincadeira e, escandalizada, afirma que elas se comportaram como prostitutas. O tio das meninas obriga-as a irem ao hospital para fazer um teste de virgindade e fecha-as em casa durante todo o verão. As atividades domésticas substituem a ida à escola e começam-se a arranjar casamentos. As meninas, animadas pelo desejo de liberdade, procuram por todos os meios contornar as regras que lhes são impostas. O nome do filme, além de referir-se a uma raça de cavalos selvagens, é uma metáfora da adolescência: ardente, poderosa e sensual.
A jovem – e bonita – cineasta diz ter sentido a necessidade de explicar “o que é ser mulher nos dias de hoje na Turquia, uma questão que está a ser muito debatida e que é muito polemica neste momento na sociedade turca, onde as mulheres e as adolescentes pouco podem se exprimir”. E acrescenta:
“Eu quis fazer destas meninas umas heroínas, figuras de coragem, de inteligência, de perseverança e de uma série de valores que raramente as mulheres têm no cinema. Elas fazem-me lembrar um pouco James Dean, há algo de contestatário, mas bonito, com toda a beleza, a frescura, a juventude. E mesmo que isso possa ser considerado um ponto de vista crítico, é uma crítica importante e que gera algo positivo”.
O filme foi exibido no último Festival de Cannes e ganhou o prêmio “Label Europa Cinemas” da seção “Quinzena dos Diretores”.
A indústria cinematográfica na Etiópia é paupérrima, tendo lançado somente quatro filmes até hoje. Seu filme mais recente chama-se Difret (idem, 2014), dirigido por Zeresenay Mehari, que também é o autor do roteiro baseado em uma história real. O filme conta a história ocorrida há 20 anos atrás da jovem Hirut. Com apenas 14 anos, Hirut é uma excelente estudante cuja morada fica a três horas da capital etíope, Addis-Abeba. Um dia, quando retornava da escola, Hirut é raptada por homens a cavalo para casar-se com um deles. O rapto pré-nupcial é um costume muito antigo que sobrevive na Etiópia em pleno século XXI. Porém, Hirut não quer tornar-se uma esposa tão nova, recusa-se a casar e é violentada. Ela escapa do cativeiro e mata seu raptor. Ao ser acusada de assassinato, uma advogada de Addis-Abeba decide ajudá-la. É o confronto entre dois mundos: o moderno e o arcaico.
O filme tem produção executiva de Angelina Jolie e recebeu, em 2014, o prêmio do público dos festivais de Berlim, Sundance e do Cinema Mundial de Amsterdam. Na língua amárica, a língua oficial da Etiópia, “difret“ significa “coragem”.
Difret foi lançado em circuito comercial na Alemanha em 12 de março último e Mustangfoi lançado na França em 15 de junho (e, se não houver censura por parte do governo local, estréia na Turquia em outubro, em dia ainda a ser definido). Ainda não há previsão para lançamento de ambos os filmes em circuito comercial no Brasil.
Aproveito a oportunidade para dedicar este modesto texto a todas as mulheres do mundo.

Veja o trailer do filme Mustang (legendas em francês):

Veja o trailer do filme Difret (legendas em espanhol):

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